20 novembro, 2010

Leitura: Lucky Luke contra Pinkerton

O lançamento do mais recente álbum de Lucky Luke em Portugal revestiu-se de uma particularidade inédita: uma edição, não com duas, mas com três capas diferentes. Gosto deste marketing, mas será que se justificava esta extravagância? A série “As aventuras de Lucky Luke segundo Morris” tem no excelente desenhador Achdé a garantia de uma reconhecida dinâmica e consistência ao nível do desenho, mas para este LUCKY LUKE CONTRA PINKERTON promoveu-se no argumento a uma renovação com a substituição de Gerra (argumentista responsável pelas anteriores aventuras desta série) depois do menos conseguido "O Homem de Washington", pela dupla de escritores Tonino Benacquista e Daniel Pennac.

Inspirados num facto histórico – o aparecimento da famosa agência de detectives Pinkerton – Benacquista e Pennac criaram a partir de um verídico e curioso episódio sobre uma suposta conspiração para assassinar o recém-eleito presidente Lincoln aquando da sua passagem por Baltimore (a imagem aqui apresentada do lado direito é um desenho satírico, datado de 1863 e representa a passagem de Lincoln por Baltimore, escondido e a coberto da noite, da autoria de Adalbert John Volck) uma divertida, inteligente e bem-humorada narrativa, bem servida de deliciosos “gags” bem introduzidos.

Tudo começa com Lucky Luke a ver o seu inquestionável estatuto de herói ser posto em causa devido ao aparecimento dos novos agentes da lei, da nova agência de detectives Pinkerton. Mas o modo de actuação de Allan Pinkerton que tem subjacente o hilariante princípio de que “em cada homem honesto dormita um canalha” apresenta segundas intenções, o que não agrada ao nosso herói. Começa então um “confronto” entre Lucky Luke e Pinkerton, numa história que conta também com a participação dos conhecidos irmãos Dalton, e onde podemos igualmente observar velhas caras conhecidas como Billy the Kid ou mesmo um cameo do CSI Horatio Caine.

Com todos estes ingredientes reunidos e a forma como Allan Pinkerton justifica todas as suas acções “em nome da segurança” e a analogia que daqui se pode estabelecer com os tempos actuais, resultam num dos melhores álbuns do Lucky Luke que li nos últimos tempos.

O cowboy que dispara mais rápido do que a sua própria sombra está de regresso e em grande. Este álbum merece bem as três capas com que foi editado em Portugal e da minha parte merece as cinco estrelas. Recomendo a leitura.

Lucky Luke contra Pinkerton
Autores: Achdé, Benacquista e Pennac
Álbum n.º 4 da colecção “As aventuras de Lucky Luke segundo Morris”, cores, cartonado
Editora: ASA, 1ª edição de Outubro de 2010

Desta edição, para além da capa original, o autor Achdé desenhou exclusivamente para o mercado português mais duas capas inéditas.

A minha nota:

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